terça-feira, 24 de novembro de 2015

Roma: o império que inspirou Valíria

Cidade Livre de Volantis, a Primeira Filha de Valíria

Tanto em Game of Thrones, quanto nas Crônicas de Gelo e Fogo, vemos diversas referências a personagens e culturas históricas aos montes. Ao contrário dos escritores que se baseiam em suas experiências para escrever, George se baseia na história, pois ele mesmo já admitiu ser um grande fã de história. E como o bom fã que é, ele não podia deixar de incluir referências ao Império Romano em sua obra.

Uma civilização avançada




Deidades romanas na Fontada di Trevi

A Cidade Franca de Valíria é um império bastante similar à Roma de antigamente. Assim como o romano, o império valiriano surgiu em uma península que adentrava o mar e sua principal característica, era o expansionismo. Assim como os imperadores de Roma, os senhores de dragões sempre buscaram expandir seus domínios para outras terras e outras culturas, consideradas inferiores. 

Os valirianos foram a civilização mais avançada de seu tempo. Não que eles possuíssem o mesmo conhecimento de arquitetura, filosofia, ciência, medicina e engenharia dos romanos. O que fez com que Valíria se destacasse foi, dragões à parte, o domínio da magia. Usando feitiços que envolviam sacrifícios, fogo e sangue, os magos valirianos eram capazes de moldar o mundo à sua volta, forjando, desde aço valiriano, até castelos inteiros, feitos a partir de rocha líquida. À exemplo do aço valiriano, as fortalezas feitas pelos valirianos eram excepcionais, feitas a partir de rocha líquida, inteiramente lisas e extremamente resistentes.


Todos os caminhos levam à Valíria


Mapa de Joffrey L. Ward, mostrando as estradas valirianas


Outra grande conquista dos valirianos foram as estradas. Como os antigos romanos, os valirianos sabiam da importância das estradas para a locomoção e para o comércio. As estradas remanescentes são de boa qualidade e "retas como setas", passando por vales, rochas, montanhas, sem praticamente qualquer desvio, um feito que só poderia ser alcançado por meio de magia. As estradas dos romanos não são tão fantásticas, mas são resistentes e algumas são utilizadas até hoje. 

Por causa da grande extensão da cobertura dessas vias, surgiu o ditado: "Todos os caminhos levam a Roma". Se olharmos os mapas de Essos, vemos que a maior parte dos "caminhos do dragão", como são conhecidas, levam até Valíria. A excessão é a estrada que vai de Pentos até Qohor.


Governo


Embora a Cidade Franca tivesse seus nobres, chamados de Lordes do Domínio (cerca de 40 famílias), o império era governado por um arconte, sendo este eleito por voto. No entanto, não era estranho que, vez ou outra, uma família tentasse tomar o poder para si.

Muitos falam sobre os imperadores de Roma, mas essa Cidade Estado também passou por um período de República. Naquela época, os romanos eram governados por dois cônsules, que eram eleitos através de um sistema de voto censitário e hierárquico. Ou seja, o voto não era universal e além disso, os votos dos nobres, ricos e poderosos contassem mais, fazendo com que os votos da plebe pouco refletissem na escolha dos candidatos. À exemplo de Valíria, os únicos que podiam se candidatar eram a versão romana dos nobres: os ricos latifundiários descendentes dos fundadores da Cidade, chamados de Patrícios.


Religião

Panteão em Roma, templo de todos os deuses 


"Mil deuses eram reverenciados em Valíria, mas nenhum era temido". Essa frase resume bem a questão da religião em Valíria, que não tinha uma religião específica, já que o Império Valiriano era formado por vários povos conquistados. Nenhum deus era temido, no entanto, pois os senhores de dragões, que formavam a nobreza da Cidade Franca não acreditavam em deuses. Mais do que isso, eles usavam a religião para controlar as massas, pois sabiam, da mesma forma que os romanos, que se eles deixassem que os povos conquistados mantivessem sua cultura e sua religião, haveriam menos rebeliões.

A elite romana era também ateia e deixava os plebeus praticarem suas religiões livremente até que uma delas passou a se tornar um incômodo. A maioria das religiões da época admitia a existência de vários deuses, menos uma: o cristianismo. Essa religião se espalhou rapidamente entre os mais pobres e passou a incomodar o próprio imperador, que era considerada uma figura divina.

Em O Mundo de Gelo e Fogo e As Crônicas de Fogo e Gelo vemos como a Fé de R'hllor é bastante popular nas Cidades Livres - antes governadas por Valíria -, especialmente entre os escravos e como os seguidores dessa fé consideram todos os outros deuses falsos, da mesma forma que o cristianismo chamava todas as outras religiões de pagãs. E se os sacerdotes de R'hllor ainda não tiveram problemas com as autoridades, isto está prestes a mudar. Em A Dança do Dragão, num capítulo de Tyrion (não me lembro qual) vemos um sacerdote vermelho incitando a multidão de escravos contra a nobreza de Volantis, considerada a "primeira filha" de Valíria.


A Antiga Ghis e a província romana do Egito


Meereen

Nos livros, o Império Ghiscari é o principal rival da Cidade Franca e mais antigo do que ela. Antes uma nação orgulhosa de guerreiros, os ghiscari foram reduzidos a traficantes de escravos após cinco tentativas falhadas de se sobrepor ao império valiriano. O Egito nunca teve grandes disputas com Roma. Mesmo antes de o país se tornar uma província romana, os faraós egípcios já pagavam impostos à Roma, porém sua cultura, sua história e sua arquitetura fazem do Egito bastante semelhante aos Ghiscari.

Ambos são escravagistas e cultuam vários deuses. A Terra de Kemet (nome do antigo Egito) ficava num deserto arenoso, parecido com o Deserto Vermelho, no qual o Império Ghiscari teve origem. Nos livros, vemos os cidadãos de Astapor, Yunkai e Meereen usando lápis de olho e saias plissadas de linho, da mesma forma que os antigos egípcios. Mas talvez a semelhança mais notável entre a província romana e o Império Ghiscari sejam suas construções: tanto os egípcios, quanto os ghiscari, ergueram pirâmides de degraus.

~ Aegon